Os Sonhos São Símbolos e a Linguagem do Inconsciente!

A maioria dos terapeutas de Jung avisam para não atribuir todos os seus sonhos ao inconsciente coletivo, dizendo que nos devemos centrar nos significados individuais que têm para o sonhador.

É melhor pro curar o significado cultural de um certo símbolo depois de procurar um significado mais íntimo dos seus sonhos.

Outra regra a seguir é procurar o símbolo arquetípico se quiser apenas saber o que significam os seus sonhos. Assim, pode trabalhar ao contrário, de uma perspectiva societária para uma pessoal.

Cuidado com Freud. Nem todas as cobras dos seus sonhos são um símbolo fálico. Não vai sonhar para sempre com matar um parente e dormir com outro.

Às vezes, até Freud admitiu, um cigarro é apenas um cigarro.

Uma das razões pelas quais as pessoas têm dificuldade em se lembrarem dos seus sonhos é porque se interessam mais por uma teoria dos sonhos do que por outra. Pense nisso.

Não consegue mesmo ligar o sapato azul que está a dançar mesmo à frente da sua tia Maria com um arquétipo ou símbolo sexual. Em breve ficará frustrado com a sua falha; ao interpretar a forma «correta», deixará de sonhar muito e depois sentirá que deixou totalmente de sonhar.

Os seus sonhos são sobre si. Não são sobre Fritz ou Carl ou Sigmund. Desde que esteja mesmo interessado em lembrar-se dos seus sonhos, é muito possível que aprenda a fazê-lo. Quanto mais permitir a si próprio ser o especialista, mais especialista se tornará.

O outro aspecto importante de se lembrar dos sonhos é ter a certeza de aceitar vários tipos de sonhos. As pessoas que só estão interessadas em certos tipos de sonhos afastam as muitas mensagens disponíveis em favor de outras.

Por isso não procure sonhos sobre ovnis ou visitas do além. Esteja aberto a todo o tipo de mensagens.

Experiências hipnagógicas

As imagens hipnagógicas devem-se ao estado hipnogogo (aquela sonolência que o assola quando está a adormecer). O complemento disso é o estado hipnopômpico que descreve o estado que se atravessa do sono para o acordar. Em ambos é comum experimentar vívidas alucinações visuais e sonoras.

Consegue pensar nas alturas em que estava a começar a sonhar mas que parecia estar a entrar num sono profundo? Se calhar os pensamentos desse dia apareceram na sua mente — só que tinham uma qualidade estranha e alucinatória. Não é raro neste estado pensar que está a dizer à sua mãe que quer mais carne, por exemplo. É quase impossível separar a realidade da fantasia.

Mas se de repente voltar à realidade apercebe-se de que a sua mãe foi num cruzeiro ao Alaska e o leitor é vegetariano há 15 anos. Ou talvez pense que está a ouvir a campainha da porta e que se levanta para a abrir.

Na manhã seguinte pode ter apenas uma vaga lembrança do sonho e pensar que teve alguma visita ou imaginou tudo.

Estas alucinações não são exatamente sonhos porque não está inteiramente a dormir. À medida que adormece, o seu cérebro está a produzir ondas alfa. Alguns teóricos acham que estas experiências ocorrem quando a parte acordada de nós luta para controlar a chegada do sono.

Stephen LaBerge, médico da Universidade de Stanford e co-autor de Sonhos Lúcidos (Ballantine, 1990), acha que ao fazermos sugestões durante o estado hipnagogo podemos influenciar o conteúdo dos nossos sonhos.

Alguns fãs dos sonhos acreditam mesmo que as imagens hipnagógicas são apenas sonhos de coisas passadas que nos ocorrem quando nos descontraímos no estado acordado.

Alguma vez imaginou porque motivo os seus sonhos não são compostos por uma série de palavras?

Claro que as pessoas que não sabem ler iriam aborrecer-se bastante à noite e, claro, isso apagaria a experiência dos sonhos de todos os povos pré-históricos; mas será só isso? Existe alguma outra razão porque sonha com a imagem de uma mala e não com a palavra «mala»?

A linguagem mostrada ao sonhador é a forma mais económica e concisa de expressar os pensamentos e sentimentos. Os símbolos dos nossos sonhos apresentam versões condensadas das nossas esperanças, desejos e medos. 

Os símbolos e as imagens são mais antigos do que a linguagem (não há provas de que os homens das cavernas tenham escrito nas paredes das cavernas; em vez disso desenhavam figuras de homens, mulheres e animais). 

Talvez os seus sonhos, antes do aparecimento da linguagem, fossem parecidos com os filmes mudos.

Além disso, porque está a sorrir, esta imagem expressa uma certa confiança de que pode «ultrapassar» esta situação.

Curiosidade

De acordo com Ann Faraday, formada em filosofia, investigadora de sonhos e autora de O Jogo dos Sonhos (Harper Paperbacks, 1990), o melhor indicador para recordar os sonhos é o grau de interesse.

Em geral, os engenheiros lembram-se menos dos sonhos do que os artistas. Na moderna sociedade ocidental, as mulheres recordam melhor os sonhos do que os homens. 

Faraday afirma que isto se deve ao fato de os homens direccionarem mais as suas energias para os fatos reais, enquanto as mulheres se permitirem uma aproximação «mais sentimental» à vida.